terça-feira, 23 de setembro de 2014

O Julgamento do Grêmio



Sou torcedor fanático pelo Grêmio, assumo, mas vou tentar deixar a torcida de lado. 

Falar de racismo é muito, mas muito delicado e muitas vezes difícil. Todos os fatos que aconteceram naquele primeiro jogo da Arena entre Grêmio e Santos pela Copa do Brasil, foram tristes, desonrosos e outros fruto da cultura do torcedor no estádio de futebol.





As ofensas contra Aranha, goleiro do Santos, foram realizadas por negros também, foram realizadas por parte da torcida e Patrícia Moreira, a jovem que aparece na televisão, fruto de uma mídia que quer notícia a todo custo e fazer escândalos, foi um fato junto a tantos outros não mostrados. 

"Algumas pessoas pensam que ser racista é somente matar, destratar com gravidade uma pessoa negra. Racismo é um sistema de opressão que visa negar direitos a um grupo, que cria uma ideologia de opressão a esse grupo." - do texto, excelente de Djalma Ribeiro, link aqui 

Foi somente a menina que xingou Aranha? Não. Dentre os torcedores do Grêmio que xingaram o goleiro santista existiam negros? Sim. A torcida do Grêmio é racista? Não, nem um pouco, mas existem vândalos, baderneiros no Grêmio, como no Internacional, Palmeiras, Santos, Corinthians, Flamengo, em todos as torcidas.




Aranha é legítimo para processar todos aqueles que o xingaram, realizaram a prática de Injúria Racial, tudo certo. Patrícia e os demais, devem responder por seus atos, por embora momentos de fanatismo, temos que entender e respeitar o outro, como o outro possa também entender, o motivo, fundamento e ocasião das atitudes.




Aranha condenou toda a torcida do Grêmio como racista. Adorou, foi parar até no Fantástico, manchetes de jornal, telejornais, internet e por aí vai. Mas Aranha se esqueceu que não foi toda torcida tricolor que o xingou, que a pena não vai além da pessoa do réu, que o próprio Grêmio, como instituição, coibi práticas racista, inclusive fez todo o possível para encontrar os responsáveis pelas ações e encontrou, entregando-as a justiça.




O Grêmio teve uma atitude exemplar, mas Aranha queria mais. No julgamento do clube pelo STJD, o Grêmio foi excluído da Copa do Brasil, fato que NUNCA existiu no país. Podemos responsabilizar um clube como um todo pela conduta de alguns torcedores? 2 pensamentos:

Sim, o clube há de zelar por sua integralidade, se torna amplamente capaz por TUDO que acontece a respeito de seu nome.

Logo o Corinthians em que vitimou um adolescente deveria ser excluído por no mínimo 3 anos da Libertadores, aconteceu? Não, foi multado e perda de mandos de campo. Tinga que atuou no mesmo Grêmio, mas jogava pelo Cruzeiro em libertadores, teve atos piores ao de Aranha, em jogo contra o Real Garcilaso e o time peruano foi excluído? Não, também. E aquele quebra pau entre Atlético Paranaense e Vasco, na última rodada do Campeonato Brasileiro de 2013? Alguém foi excluído? Não, novamente.




Neste final de semana, domingo 21, 4 torcedores do Atlético Mineiro foram baleados, sim BALEADOS, algo até agora? Não. 

"Torcedores que foram ao Mineirão neste domingo (21), na Região da Pampulha, em Belo Horizonte, para assistir ao clássico entre Cruzeiro e Atlético - MG tiveram que enfrentar muita confusão. De acordo com a Polícia Militar, doze ocorrências, entre desacato, porte de bomba caseira e brigas, foram registradas dentro do estádio." Link da notícia completa AQUI

Cruzeiro será excluído do Campeonato Brasileiro? Duvido.

Não, o Clube se responsabiliza por seus atletas, diretores, e zela pela segurança de seus torcedores. Se algum jogadores, diretor, cartola do CLUBE cometer alguma conduta, o clube sim, em sua responsabilidade objetiva deverá ser culpado, agora se um torcedor, no meio da torcida, ou invadir o gramado, este deverá seu culpado, somente ele.

E ainda, um STJD, com juízes que cometeram atitudes racistas em redes sociais, julgaram o Grêmio sob o crime de racismo, incrível né?

Fábio Koff, presidente do Grêmio, disse que se a pena excluir atos de racismo dos estádios brasileiros, aceitaria  a punição.

Ou mantemos a linha de condenações, ou começamos a excluir todo mundo, ou que coerência falamos?

Depois de tudo, acredito que Aranha deva sim procurar a justiça para os sujeitos que o injuriaram responderem por seus atos, que o mesmo deveria ver o arrependimento de Patrícia, completamente hostilizada na sua própria cidade, redes sociais, em sua própria vida, e promover um encontro, para juntos lutaremos contra o Racismo, ou não estamos tratando de uma campanha contra o racismo? 

Aranha deve ser respeitado como ser humano que é. O racismo é mais um problema que nossa sociedade possuí, como forma de discriminação, mas independentemente de cor, raça, idioma, deficiência, orientação sexual, devemos respeitá-lo, como ser humano. Não devemos tratar ninguém como gay, paraplégico, negro, e sim, como ser humano, como cidadão.




Mas o mesmo Aranha, não é NINGUÉM para considerar a torcida do Grêmio em sua integralidade como racista. Aranha não é NINGUÉM para considerar o Rio Grande do Sul, nós gaúchos, como racistas, como "este povo" como racista.
Aranha é muito, mas muito pequeno, perto da instituição Grêmio, perto de nosso estado.

"Aranha generalizou não só o Grêmio e sua torcida, como o povo gaúcho, dizendo, de forma leviana, que "deve ser a descendência deles". Afirmando que não nos sentimos brasileiros, o goleiro alega que o Hino Nacional Brasileiro parou de ser tocado porque não gostávamos dele e do Brasil. E em partes até tem razão, os gaúchos têm um apego muito grande ao Hino Rio-Grandense, mas somos brasileiros e não negamos. Se quiséssemos nos separar do Brasil, teríamos dado ouvido para os parcos e pobres movimentos separatistas, dos quais nós ridicularizamos e nem levamos em consideração. Mas o que isso tem a ver com preconceito étnico? Não faço idéia." - texto de Fernando Risch, completo aqui





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